A OAB de São Paulo decidiu nesta
segunda-feira (19/3) dar assistência à advogada Ana Lúcia Assad, que
representou Lindemberg Alves, condenado pelo Tribunal do Júri
por sequestro e morte de sua ex-namorada, Eloá Pimenel. Assad foi à
Ordem na sexta-feira (16/3) pedir assistência depois de o Ministério Público
pedir a abertura de inquérito contra ela.
O pedido foi feito pela
promotoria de Justiça de Santo Amaro, na capital paulista, à Polícia Civil,
depois de uma discussão entre Ana Lúcia e a juíza do caso, Milena Dias. Durante
a defesa de Lindemberg, a advogada invocou o “princípio da verdade real” para
tentar elucidar os fatos que levaram à acusação de seu cliente. A juíza afirmou
desconhecer o tal princípio, ao que a advogada respondeu: “então a senhora
deveria ler mais, voltar a estudar”.
Já na hora da discussão, a promotora do
caso, Daniela Hashimoto, chamou a atenção de Ana Lúcia, avisando que a
declaração poderia ser entendida como desacato a autoridade. Na sentença,
Milena Dias afirmou que a fala da advogada foi “jocosa, irônica e
desrespeitosa”, caracterizando-a de “crime contra a honra”. Pediu, então, que
cópia dos autos fosse encaminhada ao Ministério Público para que a conduta de
Ana Lúcia fosse investigada.
Na semana passada, a promotora de
Justiça Iusara Brandão entendeu ser o caso de iniciar uma investigação. Pediu à
Polícia Civil de Santo André que investigue o caso e apure a conduta e as
atitudes de Ana Lúcia durante a defesa de Lindemberg. Não há informações
sobre o andamento das investigações policiais.
Fabio de Souza Santos, presidente da
OAB de Guarulhos, onde foi impetrado o pedido de assistência, entrou com um
pedido de desagravo a favor da advogada. Com isso, pretende apurar se Ana Lúcia
foi ofendida por outro operador do direito — um juiz, por exemplo — durante o
exercício da advocacia. A seccional paulista ainda precisa avaliar este pedido.
Conduta
natural
Mesmo
à época do julgamento, a promotora do caso, Daniela Hashimoto, elogiou a
conduta de Ana Lúcia durante a defesa de Lindemberg. Fez um apelo às pessoas
que acompanhavam o julgamento para que não confundissem o advogado com os atos
do cliente. Ana Lúcia cumpria com sua obrigação de defender Lindemberg.
Quando soube que Ana Lúcia seria
investigada, o advogado Antonio Ruiz Filho, presidente da comissão de Direitos
e Prerrogativas da OAB de São Paulo, afirmou que esse tipo de discussão é “normal
em tribunais de Júri”. Criminalista, Ruiz conta que as discussões em casos como
o que Ana Lúcia atuou costumam ser "acaloradas" e por isso ele
acredita que este seja mais um desses episódios.
O mesmo disse o presidente da seccional
paulista da Ordem, Luiz Flávio Borges D’Urso. Contou estar “estarrecido” com o
pedido de investigação e explicou que, no Tribunal do Júri, “o debate é
naturalmente mais intenso”. "Entendo que, quando a advogada reagiu, nada
mais fez do que responder, sem intuito de ofender".
Pedro Canário é repórter da revista Consultor Jurídico.
Fonte: Revista Consultor Jurídico, 19 de março de 2012
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